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Jesus falou da reencarnação nos evangelhos?

"Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João. E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!" (Evangelho de Mateus, 13-15)

26 JUN 2024 • POR AQUINO CORRÊA, PÓS-GRADUADO EM ADMINISTRAÇÃO, JORNALISTA, ESCRITOR E AUDITOR FISCAL APOSENTADO • 12h45

Há séculos, cristãos de diversas tendências se dividem em uma questão essencial: o que acontece após a morte física dos seres humanos? Para os católicos, desde o II Concílio Ecumênico de Constantinopla (atual Istambul, na Turquia), em 553 AD, a tese prevalente é a da "ressurreição": os mortos voltarão à vida no dia do Juízo final, para serem julgados, junto com os vivos, por Jesus Cristo, em sua volta à Terra.
Nem sempre foi assim: até a realização de citado concílio, a tese da "reencarnação" era amplamente aceita entre os cristãos primitivos. Tal ideia fica explícita em pelo menos um dos Evangelhos: em Mateus, versículos 11-14. Jesus, respondendo aos apóstolos, se a vinda do Messias não seria precedida pela vinda do profeta Elias, Este lhes respondeu: "Elias já retornou, nas não foi reconhecido", referindo-se a João Batista.
A crença na reencarnação (várias existências terrenas de um mesmo espírito, ou alma) é tese central no Espiritismo, e aceita em algumas religiões asiáticas, como o budismo, e outras de origem africana, mas é rejeitada no catolicismo, no islamismo e no judaísmo.
Nesta última, inclusive, os judeus ainda creem na volta do profeta Elias, que precederia a vinda do Messias. Nas celebrações da Páscoa judaica, um assento à mesa é deixado vazio, assim como o dono da casa costuma abrir portas e janelas, para invocar a volta do profeta Elias.
Entre os cristãos, essa questão se estende também a ressurreição de Cristo. Para os espíritas, está claro nos Evangelhos que Jesus apareceu aos apóstolos em espírito, após a crucificação. Já para católicos e demais religiões cristãs, Jesus teria ressuscitado dos mortos em corpo e espírito.
Segundo alguns historiadores, a tese da reencarnação foi condenada pela Igreja católica, no II Concílio de Constantinopla, por influência da imperatriz consorte do império bizantino, Teodora, esposa do imperador Justiniano I. Segundo consta, ela teria reprimido a prostituição em todo o império, e temia reencarnar como uma prostituta, como forna de expiação de seus pecados.
Por ser uma questão extremamente controversa, é provável que estas duas teses - sobre o que acontece com as almas humanas após a morte física -,  continuará dividindo opiniões de cristãos e adeptos de outras religiões, pelos próximos séculos.