Saúde

Especialistas defendem diagnóstico precoce e atendimento multidisciplinar para câncer de cabeça

Tabagismo, consumo excessivo de bebidas alcoólicas e infecções por HPV estão entre as principais causas da doença; 70% dos casos no Brasil são descobertos já em estágio avançado

29 JUN 2024 • POR Ralph Machado, Agência Câmara de Notícias • 06h30
José Guilherme Vartanian: maiores fatores de risco são evitáveis - Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Especialistas defenderam, durante seminário ontem (28) na Câmara dos Deputados, o diagnóstico precoce e o atendimento multidisciplinar nos casos de câncer de cabeça e pescoço, de importante ocorrência no Brasil e no mundo.

O médico José Guilherme Vartanian, 1º vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, disse que, no mundo, esses cânceres afetam 7% da população. No Brasil, nos homens, 4,6% dos casos totais de câncer são de cavidade oral e 2,7% de laringe; nas mulheres, 5,8% afetam a glândula tireoide.

Vartanian destacou que os principais fatores de risco são evitáveis. “Além do consumo de tabaco e de álcool, nos últimos 20 anos houve aumento significativo de casos de câncer de orofaringe causado pelo vírus HPV, geralmente transmitido pelo contato sexual desprotegido”, apontou.

“Sabemos que, nas condições iniciais, o tratamento é muito mais fácil e barato”, ressaltou ele ao defender o diagnóstico precoce. “Hoje, é interessante ainda a disseminação da abordagem multidisciplinar, com a participação de diferentes profissionais e baseada nas melhores evidências científicas disponíveis”, explicou.

 

Foto: Elio Rizzo / Câmara dos Deputado

Weliton Prado propôs a realização do debate na Câmara

 

Para o dirigente da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, ações como a campanha Julho Verde, destinada à conscientização da população, e avanços na formação de profissionais da saúde poderão auxiliar na redução da atual taxa de diagnóstico tardio, correspondente a cerca de 70% dos casos.

O deputado Weliton Prado (Solidariedade-MG), presidente da Comissão Especial de Combate ao Câncer no Brasil, sugeriu a realização do seminário. Um colegiado semelhante na legislatura passada resultou na Lei 14.758/23, que criou a Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer no Sistema Único de Saúde (SUS).

“Eu que cuidei do meu pai, ele teve várias sequelas, precisou fazer reabilitação, sei o que é o sofrimento”, afirmou Weliton Prado. “Graças a Deus, hoje temos a política nacional, já em fase de implementação”, comentou o parlamentar.

Participaram representantes da Associação Brasileira de Câncer de Cabeça e Pescoço; do Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço; do Instituto Lado a Lado pela Vida; e das sociedades de Oncologia Clínica e de Radioterapia.